terça-feira, 5 de julho de 2016

Formação dos fósseis

A fossilização é o conjunto de processos que levam à formação de fósseis e está intimamente ligada com a formação das rochas sedimentares. É um processo que pode levar milhões de anos.



Qual a relação entre a formação das rochas sedimentares e a formação dos fósseis?
Existem diferentes tipos de fósseis, logo existem diferentes formas destes se formarem. No entanto, a maioria dos fósseis tem o seu processo de formação interligado com a formação das rochas sedimentares onde se encontram. A maioria das rochas expostas à superfície da Terra são rochas sedimentares, formadas a partir da deposição e consolidação de partículasdesprendidas de rochas mais velhas, que sofreram a erosão da água e do vento, partículas como o cascalho, a areia ou argila. Com a passagem do tempo e a acumulação por deposição de mais partículas, frequentemente com mudanças químicas, os sedimentos desagregados transformam-se em rocha firme. Mas isto já tu conheces, pois já estudaste os processos desedimentação e diagénese.
Para que os fósseis se formem, a deposição destas partículas sedimentares tem de ocorrer em locais onde existam animais e plantas mortos ou vivos, que ficam, assim, enterrados. Mas não é uma questão tão simples como parece, pois apenas umafracção muito pequena das plantas e animais do passado fossilizaram. As condições mais favoráveis para a formação de fósseis ocorrem junto às praias ou em mares pouco profundos. Quando os rios lançam neles as suas águas lodosas ou as tempestades lhes revolvem o lodo do fundo, ficam suspensas na água muitas partículas minerais. Tais partículas depositam-se gradualmente, recobrindo animais e vegetais vivos ou mortos. Depois, novas camadas de lodo e outros materiais sedimentares vão-se depositando sobre as primeiras, devido a posteriores tempestades e cheias. Com o tempo e as pressões que as camadas superiores vão exercendo, as camadas inferiores de sedimento convertem-se em rochas compactas. Mais tarde, a erosão ou os movimentos da crusta terrestre podem fazer variar a posição e situação dessas rochas sedimentares, que podem aparecer à superfície alguns milhões de anos mais tarde. É por este motivo que, frequentemente, se encontram fósseis de seres marinhos incluídos em rochas situadas muito acima do nível do mar.

O conjunto de processos físicos e químicos que permitem a conservação de restos e marcas dos seres vivos designa-se por fossilização. Para que se dê a fossilização de um organismo é necessário que ele, partes dele ou apenas os seus rastos ou marcas fiquem rapidamente ao abrigo dos agentes da erosão e da decomposição.
A formação de fósseis só acontece nos mares?
Embora os mares sejam locais de eleição para a formação de fósseis, também em terra existem zonas que apresentam características propícias a este processo. Estamos a falar dos lagos e pântanos. Mas não só. Nos desertos, as areias sopradas pelo vento, auxiliam com frequência a formação de fósseis. Foi este o modo que conduziu à preservação de ninhos de ovos de dinossauros, descobertos no deserto de Gobi, na Mongólia. As dunas de areia móvel também cobrem árvores erectas, que com o tempo podem vir a petrificar-se.


Nas regiões geladas os animais são, por vezes, conservados pelo frio. Nos gelos da Sibéria encontraram-se vários corpos completos de mamutes que viveram há muitos milhares de anos. Embora se encontrassem simplesmente congelados, são verdadeiros fósseis, tal como os animais preservados noutros meios.
Alguns dos fósseis mais perfeitos que se têm encontrado estão incluídos em massas de âmbar amarelo. Esta substância não é mais do que uma resina seca e endurecida pelo tempo, que foi segregada por certas árvores ancestrais. Não é raro encontrar insectos em fragmentos de âmbar. Embora alguns deles tenham vivido há milhões de ano, podem estudar-se tão fácil e completamente como os da actualidade.
E como se formaram os outros tipos de fósseis, como as pegadas e as impressões?
Os fósseis de pegadas formam-se quando os animais do passado se deslocaram sobre terrenos moles, como as lamas e argilas, deixando as marcas das suas patas. Estas marcas logo após a sua formação, foram cobertas por materiais de sedimentação, que mais tarde se consolidaram, preservando, deste modo, as pegadas.
As impressões são moldes de objectos finos, como folhas ou penas, rastros deixados por animais extintos e até gotas de chuva. As impressões são conservadas quando a lama mole em que foram deixadas endurece, petrificando as impressões, que são depois cobertas por outra camada de substâncias formadoras de rocha, de modo a ficarem protegidas da erosão.

Mas como é que se dá a transformação de um animal num fóssil?
A transformação de um organismo vivo num fóssil pode levar milhões de anos, além de que é dependente do acaso, pois requer a ocorrência de diversas condições em simultâneo. Assim que morrem, os organismos começam imediatamente a sofrer o processo de decomposição, e mesmo com as partes duras isto acontece. Para que um organismo fossilize, ele terá de ser enterrado antes de se decompor. Mas mesmo já enterrados, os organismos podem sofrer alterações. A carne e outras estruturas moles (como os órgãos) decompõem-se tão depressa que não chegam a ser conservadas. É por isso que animais inteiros são um achado raro e a maior parte dos fósseis consiste apenas em conchas, dentes, ossos e outras partes duras.

Um dos processos de formação dos fósseis que ocorre, fundamentalmente, em meios aquáticos designa-se por mineralização. Os seres aquáticos que morrem ou os seres terrestres cujos corpos, por qualquer motivo, são arrastados para os fundos aquáticos, podem sofrer esta transformação. Ela consiste na precipitação de substâncias dissolvidas na água, que vão substituir gradualmente a matéria do organismo, à medida que ele se decompõe. É por isso que as partes duras (as mais resistentes à decomposição) aparecem milhões de anos mais tarde com um aspecto ainda sólido, pois foram endurecidas por minerais originários do próprio sedimento.

Também as plantas podem sofrer o processo de mineralização. Foi o que aconteceu com as árvores do estado americano do Arizona. Existiria aqui uma floresta muito antiga que terá sofrido uma grande inundação. As águas que inundaram esta floresta trouxeram muitos detritos que sedimentaram, submergindo as árvores. Lentamente, as substâncias dos troncos foram substituídas por minerais. Esta petrificação preservou tão bem a forma dos troncos que foi possível determinar a idade das árvores. A mineralização dos antigos animais e plantas é, por vezes, tão perfeita que é possível estudar ao microscópio a estrutura da suas células.


Mas nem todos os fósseis se formam deste modo. Por vezes, em vez de ser substituído por matéria mineral, o animal original é inteiramente dissolvido pelas águas de infiltração, deixando na rocha cavidades a que se chamam “moldes externos”. Posteriormente, as cavidades poderão ser preenchidas completamente por substâncias minerais, areia ou lodo, designando-se, então, por “moldes internos”.
Mas mesmo cobertos por sedimentos, muitos fósseis dissolvem-se totalmente, antes de ter sido criado o seu molde, e outros podem ser quimicamente alterados ou distorcidos, devido a temperaturas elevadas ou pressões. Por tudo isto, apenas uma pequena parte se mantém até ser encontrada.
CURIOSIDADE
No Verão de 1977 foi descoberto um mamute bebé de sete meses numa camada de gelo na Sibéria. Depois de ter sido estudado por numerosos cientistas, foi embalsamado. A sua idade? 40 000 anos. Trata-se do primeiro espécime tão bem conservado. Foi possível reconstituir a flora da época graças a pólenes fósseis que se encontravam no estômago deste animal. Este mamute bebé deve ter caído no lodo, que terá funcionado como uma armadilha; o seu cadáver terá sido rapidamente recoberto por sedimentos; em seguida terá nevado e o solo não mais degelou, preservando até aos nossos dias este animal.
VOCABULÁRIO

Interligado – ligado de forma muito intensa;
. Deposição – formação de um depósito, assentar no fundo;
. Consolidação – tornar sólido, firme, fazer aderir as partículas soltas umas às outras;
Desprendido – que se soltou, que se libertou;
Desagregado –separado, desligado;
Sedimentação – fase de formação das rochas sedimentares referente à deposição dos materiais;
Diagénese – conjunto de modificações químicas e físicas sofridas pelos sedimentos, desde a deposição até à consolidação e transformação em rocha sólida;
Fracção – (=fragmento) porção, parte de um todo;
Águas lodosas – águas com lodo (lama);
Petrificar – transformar ou converter em pedra, endurecer;
.Ancestral – antepassado muito antigo;
Simultâneo – ao mesmo tempo;
. Submergir – meter debaixo de água, inundar;
Distorcer – entortar;
Embalsamar – conjunto de técnicas que permitem preparar um cadáver para que resista à putrefacção (apodrecimento);
Espécime – exemplar;
Degelar – derreter o gelo.

POR: Júlia alves

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