quinta-feira, 23 de junho de 2016

Estudo: há 4 bilhões de anos a terra seria parecida com uma lua de Júpiter.

A lua Io, de Júpiter, tem sua superfície remodelada constantemente por vulcões ao invés de placas tectônicas. Modelo teórico indica que a Terra já foi assim
A lua Io, de Júpiter, tem sua superfície remodelada constantemente por vulcões ao invés de placas tectônicas. Modelo teórico indica que a Terra já foi assim
Foto: Nasa/JPL/University of Arizona / Divulgação
Acredita-se que Terra e a Lua se formaram há cerca de 4,5 bilhões de anos, quando dois protoplanetas colidiram no Sistema Solar. O choque dos dois corpos e a consequente "liberação" dos núcleos quentes geraram uma imensa quantidade de calor e uma grande quantidade de elementos radioativos deve ter feito com que a temperatura continuasse alta por muito tempo. Essa era é chamada de Hadeano e desse éon temos apenas cristais como registro. As primeiras rochas conhecidas datam de cerca de 4 bilhões de anos, do éon chamado de Arqueano. Contudo, essas pedras indicam que, durante esse período geológico, a crosta continental profunda do planeta (as rochas que formam os continentes) era tão quente quanto hoje em dia, o que não faz sentido. Segundo os cientistas, essa característica é por vezes chamada de paradoxo do Arqueano. Agora, o estudo de pesquisadores dos Estados Unidos oferece uma solução para o problema.
William B. Moore (Universidade Hampton) e A. Alexander G. Webb (Universidade do Estado da Louisiana) criaram um modelo computacional baseado nos registros geológicos que propõem que a Terra nesse período seria semelhante à lua Io, de Júpiter. Em outras palavras, o planeta teria "tubos" que transportariam o calor do interior da Terra para a crosta, assim como os vulcões do satélite natural. O magma seria transportado tão rapidamente que não passaria boa parte do calor para a crosta. Isso explicaria como a Terra "infernal" dos primórdios do planeta perdeu boa parte de sua temperatura.
"Um exemplo de corpo terrestre com um fluxo de calor na superfície maior do que a Terra moderna é a lua de Júpiter Io. Ao invés de perder calor por placas tectônicas mais vigorosas, Io por sua vez transporta cerca de 40 vezes o fluxo de calor da Terra de seu interior para a superfície através do vulcanismo", dizem os pesquisadores no artigo divulgado hoje.
Hoje a superfície do planeta é redesenhada por um processo chamado de tectônica de placas. Novas superfícies (em geral nos oceanos) são formadas quando o limite de uma placa "escorrega" por baixo de outra, em um processo chamado de subducção. Segundo o modelo de Moore e Webb, esse processo começou no nosso planeta somente na metade do Arqueano, sendo até então dominante o modelo dos "tubos de calor", no qual há pouco - ou nenhum - movimento horizontal.

O estudo dos pesquisadores dos Estados Unidos joga lenha em um debate sobre como eram os primórdios do nosso planeta. Outros recentes modelos teóricos indicam o outro caminho, a viabilidade da subducção em uma Terra muito mais quente - em um processo que seria muito mais rápido do que ocorre hoje em dia.
POR: Júlia Alves

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