Introdução:
Ao falarmos em escravidão, é difícil não
pensar nos comerciantes portugueses, espanhóis e ingleses que
superlotavam os porões de seus navios de negros africanos, colocando-os a
venda de forma desumana e cruel por toda a região da América.
Sobre este tema, é difícil não nos
lembrarmos dos capitães-de-mato que perseguiam os negros que haviam
fugido no Brasil, dos Palmares, da Guerra de Secessão dos Estados
Unidos, da dedicação e idéias defendidas pelos abolicionistas, e de
muitos outros fatos ligados a este assunto.
Apesar de todas estas citações, a
escravidão é bem mais antiga do que o tráfico do povo africano. Ela vem
desde os primórdios de nossa história, quando os povos vencidos em
batalhas eram escravizados por seus conquistadores. Podemos citar como
exemplo os hebreus, que foram vendidos como escravos desde os começos da
História.
Muitas civilizações usaram e dependeram
do trabalho escravo para a execução de tarefas mais pesadas e
rudimentares. Grécia e Roma foi uma delas, estas detinham um grande
número de escravos; contudo, muitos de seus escravos eram bem tratados e
tiveram a chance de comprar sua liberdade.
Escravidão no Brasil:
No Brasil, a escravidão teve início com a
produção de açúcar na primeira metade do século XVI. Os portugueses
traziam os negros africanos de suas colônias na África para utilizar
como mão-de-obra escrava nos engenhos de açúcar do Nordeste. Os
comerciantes de escravos portugueses vendiam os africanos como se fossem
mercadorias aqui no Brasil. Os mais saudáveis chegavam a valer o dobro
daqueles mais fracos ou velhos.
O transporte era feito da África para o
Brasil nos porões do navios negreiros. Amontoados, em condições
desumanas, muitos morriam antes de chegar ao Brasil, sendo que os corpos
eram lançados ao mar.
Nas fazendas de açúcar ou nas minas de
ouro (a partir do século XVIII), os escravos eram tratados da pior forma
possível. Trabalhavam muito (de sol a sol), recebendo apenas trapos de
roupa e uma alimentação de péssima qualidade. Passavam as noites nas
senzalas (galpões escuros, úmidos e com pouca higiene) acorrentados para
evitar fugas. Eram constantemente castigados fisicamente, sendo que o
açoite era a punição mais comum no Brasil Colônia.
Eram proibidos de praticar sua religião
de origem africana ou de realizar suas festas e rituais africanos.
Tinham que seguir a religião católica, imposta pelos senhores de
engenho, adotar a língua portuguesa na comunicação. Mesmo com todas as
imposições e restrições, não deixaram a cultura africana se apagar.
Escondidos, realizavam seus rituais, praticavam suas festas, mantiveram
suas representações artísticas e até desenvolveram uma forma de luta: a
capoeira.
As mulheres negras também sofreram muito
com a escravidão, embora os senhores de engenho utilizassem esta
mão-de-obra, principalmente, para trabalhos domésticos. Cozinheiras,
arrumadeiras e até mesmo amas de leite foram comuns naqueles tempos da
colônia.
No Século do Ouro (XVIII) alguns
escravos conseguiam comprar sua liberdade após adquirirem a carta de
alforria. Juntando alguns "trocados" durante toda a vida, conseguiam
tornar-se livres. Porém, as poucas oportunidades e o preconceito da
sociedades acabavam fechando as portas para estas pessoas.
O negro também reagiu à escravidão,
buscando uma vida digna. Foram comuns as revoltas nas fazendas em que
grupos de escravos fugiam, formando nas florestas os famosos quilombos.
Estes, eram comunidades bem organizadas, onde os integrantes viviam em
liberdade, através de uma organização comunitária aos moldes do que
existia na África. Nos quilombos, podiam praticar sua cultura, falar sua
língua e exercer seus rituais religiosos. O mais famoso foi o Quilombo
de Palmares, comandado por Zumbi.
Campanha Abolicionista e a Abolição da Escravatura:
A partir da metade do século XIX a
escravidão no Brasil passou a ser contestada pela Inglaterra.
Interessada em ampliar seu mercado consumidor no Brasil e no mundo, o
Parlamento Inglês aprovou a Lei Bill Aberdeen (1845), que proibia o
tráfico de escravos, dando o poder aos ingleses de abordarem e
aprisionarem navios de países que faziam esta prática.
Em 1850, o Brasil cedeu às pressões
inglesas e aprovou a Lei Eusébio de Queiróz que acabou com o tráfico
negreiro. Em 28 de setembro de 1871 era aprovada a Lei do Ventre Livre
que dava liberdade aos filhos de escravos nascidos a partir daquela
data. E no ano de 1885 era promulgada a Lei dos Sexagenários que
garantia liberdade aos escravos com mais de 60 anos de idade.
Somente no final do século XIX é que a
escravidão foi mundialmente proibida. Aqui no Brasil, sua abolição se
deu em 13 de maio de 1888 com a promulgação da Lei Áurea, feita pela
Princesa Isabel.
A vida dos negros após a abolição da escravidão:
Se a lei deu a liberdade jurídica aos
escravos, a realidade foi cruel com muitos deles. Sem moradia, condições
econômicas e assistência do Estado, muitos negros passaram por
dificuldades após a liberdade. Muitos não conseguiam empregos e sofriam
preconceito e discriminação racial. A grande maioria passou a viver em
habitações de péssimas condições e a sobreviver de trabalhos informais e
temporários.
Você sabia?
- 25 de março é o Dia Internacional em memória da vítimas da escravidão e do tráfico transatlântico de escravos.
- No Brasil, 28 de janeiro é o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo.
Por Mariana Perin Amaro
Muito bem Mariana!😍😍💕
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