quinta-feira, 23 de junho de 2016

Seleção natural

Seleção natural (AO 1945: Selecção natural) é o processo proposto por Charles Darwin e Alfred Wallace para explicar a adaptação e especialização dos seres vivos, a evolução, em concordância com as evidências disponíveis no registro fóssil. Outros mecanismos de evolução das espécies incluem a deriva genética, o fluxo gênico, asmutações e o isolamento geográfico.
O conceito básico de seleção natural é que características favoráveis que são hereditárias tornam-se mais comuns em gerações sucessivas de uma população de organismos que se reproduzem, e que características desfavoráveis que são hereditárias tornam-se menos comuns. A seleção natural age no fenótipo, ou nas características observáveis de um organismo, de tal forma que indivíduos com fenótipos favoráveis têm mais chances de sobreviver e se reproduzirdo que aqueles com fenótipos menos favoráveis.
Se esses fenótipos apresentam uma base genética, então o genótipoassociado com o fenótipo favorável terá sua frequência aumentada na geração seguinte. Com o passar do tempo, esse processo pode resultar em adaptações que especializarão organismos em nichos ecológicos particulares e pode resultar na emergência de novasespécies. A seleção natural não distingue entre seleção ecológica eseleção sexual, na medida em que ela se refere às características, por exemplo, destreza de movimento, nas quais ambas podem atuar simultaneamente. Se uma variação específica torna o descendente que a manifesta mais apto à sobrevivência e à reprodução bem sucedida, esse descendente e sua prole terão mais chances de sobreviver do que os descendentes sem essa variação.
As características originais, bem como as variações que são inadequadas dentro do ponto de vista da adaptação,deverão desaparecer conforme os descendentes que as possuem sejam substituídos pelos parentes mais bem sucedidos. Assim, certas caraterísticas são preservadas devido à vantagem seletiva que conferem a seus portadores, permitindo que um indivíduo deixe mais descendentes que os indivíduos sem essas características. Eventualmente, através de várias interações desses processos, os organismos podem acabar desenvolvendo características adaptativas mais e mais complexas.
A seleção natural age sobre o fenótipo.
O fenótipo é determinado por um trecho genômico do indivíduo, conhecido como genótipo e também pelo ambiente em que o organismo vive, e as interações entre os genes e o ambiente.
Frequentemente, a seleção natural age em características específicas de um indivíduo e os termos fenótipo e genótipo são algumas vezes usados especificamente para indicar essas características específicas.
A maioria das características são influenciadas pelas interações de muitos genes, mas algumas características são governadas por um único gene nos moldes das Leis de Mendel. Variações que ocorram em um de muitos genes que contribuem para uma característica podem ter somente pequenos efeitos no fenótipo, produzindo um continuum de valores fenotípicos possíveis; o estudo desses padrões de hereditariedade tão complexos é chamado de genética quantitativa.[1]
Quando organismos morrem em todos os lugares do mundo diferentes em uma população possuem genes diferentes para a mesma característica, essas variações genéticas são denominadas de alelos.
Quando todos os organismos em uma população compartilham o mesmo alelo para uma característica particular, e esse estado apresente-se estável ao longo do tempo, se diz que os alelos se fixaram naquela população. É essa variação genética que destaca características fenotípicas; um exemplo comum é a de que certas combinações de genes para cor dos olhos em humanos correspondem a genótipos que originam o fenótipo dos olhos azuis.

Nomenclatura e uso[editar | editar código-fonte]

O termo "seleção natural" apresenta pequenas diferenças de definições em contextos diferentes. Em termos simples, "seleção natural" é mais frequentemente definida como operando em características hereditárias, mas pode algumas vezes referir-se a diferenciais no sucesso reprodutivo de fenótipos independente se esses fenótipos são hereditários.
A seleção natural é "cega" no sentido de que o nível de sucesso reprodutivo é uma função do fenótipo e não se ou até que âmbito aquele fenótipo é hereditário; seguindo o uso inicial feito por Darwin[2] O termo é frequentemente usado para se referir tanto às consequências da seleção cega quanto aos seus mecanismos.[3] É algumas vezes útil explicitar as diferenças entre mecanismos da seleção e seus efeitos; quando essa distinção é importante, cientistas definem "seleção natural" especificamente como "aqueles mecanismos que contribuem para a seleção de indivíduos que se reproduzem," sem se importar se a base da seleção é hereditária. Isso é algumas vezes referido como 'seleção natural fenotípica'.[4]
Características que causam um maior sucesso reprodutivo de um organismo são consideradas como "selecionadas a favor" enquanto aquelas que reduzem o sucesso são "selecionadas contra". "Selecionar a favor" uma característica pode resultar na "seleção contra" de outras características correlacionadas que não influenciam diretamente a aptidão do organismo.
Isso também pode ocorrer como um resultado de pleiotropia ou ligação genética.[5]

Mecanismos da seleção natural[editar | editar código-fonte]

O que faz com que uma característica tenha mais probabilidade de permitir a sobrevivência de seu portador depende muito de fatores ambientais, incluindo predadores da espécie, fontes de alimentos, estresse abiótico, ambiente físico e assim por diante.
Quando membros de uma espécie tornam-se geograficamente separados, enfrentam diferentes ambientes e tendem a evoluir em diferentes direções - evolução divergente.
Após um longo tempo, essas características poderão ter se desenvolvido em diferentes vias de tal modo que eles não poderão mais se intercruzar, em um ponto que serão considerados como de espécies distintas. Essa é a razão de uma espécie, por vezes, separar-se em múltiplas espécies, em vez de simplesmente ser substituída por uma nova (a partir disso Darwin sugeriu que todas as espécies atuais evoluíram de um ancestral em comum).
Além disso, alguns cientistas especulam que uma adaptação que pode permitir ao organismo ser mais adaptável no futuro tende a se espalhar mesmo que não proporcione nenhuma vantagem específica a curto prazo.
Descendentes desses organismos serão mais variados e assim mais resistentes à extinção por catástrofes ambientais eeventos de extinção.
Isso foi proposto como um dos motivos para o surgimento dos Mammalia.
Embora essa forma de seleção seja possível (ainda que altamente discutível), ela deve desempenhar um papel mais importante nos casos em que a seleção por adaptação é contínua. Por exemplo, na hipótese da Rainha de Copas, sugere-se que o sexo deve ter evoluído de modo a auxiliar os organismos a se adaptarem contra parasitas.
A seleção natural pode ser expressa como a seguinte lei geral (tirada da conclusão de A Origem das Espécies):

Síntes

Síntese evolutiva moderna[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Síntese evolutiva moderna
Somente após a integração de uma teoria da evolução com uma complexa apreciação estatística das leis (redescobertas) de hereditariedade de Mendel foi que a seleção natural se tornou geralmente aceita por cientistas. O trabalho de Ronald Fisher (que desenvolveu a linguagem matemática e a seleção natural nos termos essenciais dos processos genéticos),[24]J. B. S. Haldane (que introduziu o conceito de 'custo' da seleção natural),[25] Sewall Wright (que elucidou a natureza da seleção e da adaptação)[26] , Theodosius Dobzhansky (que estabeleceu a ideia de que mutações, ao criarem diversidade genética, supriam o material bruto para a seleção natural),[27] William Hamilton (que concebeu a seleção parentada), Ernst Mayr (que reconheceu a importância chave do isolamento reprodutivo para a especiação)[28] e de muitos outros formou a síntese evolucionária moderna, cimentando a seleção natural como a fundação da teoria evolucionária, o que permanece até hoje.
Darwin observou vários fatos, na viagem que fez em 1835, para Arquipélago de Galápagos. Ficou impressionado com a variedades de seres vivos e observou que a vida estava sempre evoluindo, e mudando, originando essa grande variedade. Depois de 20 anos estudando sua anotações e amostras, observou que havia variações entre as populações de uma mesma espécie, nas diferentes ilhas, e que as condições do ambiente de cada ilha também variavam. Alguns exemplos são as tartarugas da Ilhas Espanhola, Pinta e ilhas mais áridas, que para se alimentarem de diferentes tipos de plantas, de suas respectivas ilhas têm um diferente formato da carapaça. As tartarugas habitantes das Ilhas Espanhola e Pinta apresentam, logo acima do pescoço, projeções mais elevadas em suas carapaças (com formato de sela).
Nas ilhas mais áridas, as tartarugas não apresentam essa projeções, alimentando-se de plantas mais baixas.

Conversão gênica enviesada[editar | editar código-fonte]

Recentemente, pesquisas conduzidas por um grupo de cientistas na Universidade de Uppsala, comparando o genoma humano com os de outros primatas, sugerem a existência de um processo que, ao contrário da seleção natural, não privilegiaria as mutações genéticas por seu benefício adaptativo.[29]
Este processo, denominado BCG (do ingês Biased genic conversion Conversão gênica enviesada), seria o responsável pela aceleração na evolução de determinados genes em detrimento de outros, independentemente de serem benéficos ou não, contrariando a visão darwinista tradicional.[29]

Impacto da teoria[editar | editar código-fonte]

Talvez a proposta mais radical da teoria de Darwin da evolução por seleção natural seja que "formas elaboradamente construídas, tão diferentes umas das outras, e interdependentes de uma forma tão complexa" evoluíram a partir das formas mais simples de vida por uns poucos princípios simples. Essa proposta fundamental inspirou alguns dos mais ardorosos defensores — e provocou a mais profunda oposição.
Em seu modelo explicativo, a seleção natural não precisa de uma intervenção divina como variável independente, o que provoca reação de diversos grupos religiosos.
Além disso, muitas teorias de Seleção artificial foram propostas sugerindo que os fatores de aptidão econômica e social atribuídos por outros seres humanos ou por seu ambiente construído são de certa forma biológicos ou inevitáveis -Darwinismo social.

Outros sustentam que houve uma evolução de sociedades análoga àquela das espécies. As ideias de Darwin, juntamente com as de FreudAdam Smith e Marx, são consideradas por muitos historiadores como tendo uma profunda influência no pensamento do século XIX e desafiado as escolas de pensamento racionalista e o fundamentalismo religioso que prevaleciam na Europa.
POR GABRIEL ROLIM

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